De volta para casa... home sweet home!
Minhas impressões sobre os Jogos de Londres? Encontrei alguém que conseguiu condensar meus sentimentos explosivos em um lindo e sincero texto.
Com a palavra, João Rodrigues*:
""Cinco da manhã. A chuva cai com violência nas claraboias do meu quarto, despertando-me do sono. Não volto a dormir, com a mente cheia de flashes dos dias anteriores, que nem a água que corre pelas janelas é capaz de arrastar ou mesmo diluir
. Não tenho dores, mas mal me consigo mexer. Como se o corpo tivesse perdido substância, tornando-se etéreo, volátil e no entanto, paradoxalmente, pesado como o chumbo.
Por mais que me esforce, as imagens não param de aflorar na minha mente. Todos os erros, todos os momentos cruciais. As largadas, as viragens, as infindáveis bolinas e popas, tudo corre a uma velocidade vertiginosa, enterrando-me mais e mais no colchão. Cubro a cabeça para esconder-me da claridade, mas é em vão.
Depois tudo começa a retroceder, como água a escoar pelo ralo. Toda a preparação, todos os dias, semanas, meses passados aqui. Teria valido a pena?
Mas a mente é como um tanque de água. Deixei que este esvaziasse, levantei-me e preparei-me para a derradeira jornada.
Parecia estar condenado a nem entrar nos vinte primeiros. Mas depois, finalmente, o vento baixou, já não era possível planar e o equipamento deixou de ser relevante. E terminei com um sorriso na cara. Veio na melhor altura, mas deixou-me a pensar no que poderia ter acontecido, tivéssemos tido mais regatas com este vento. Enfim, águas passadas!
Termina assim um ciclo. Foi um privilégio de facto pertencer à Família Olímpica. E hoje, quando tiramos uma fotografia que ficará para a história, com todos os velejadores de windsurf que marcaram presença neste evento, fiquei orgulhoso de estar ali, entre os melhores atletas do mundo, companheiros de tantas horas na água e em terra, amigos para sempre!
Obrigado a todos os que tornaram tudo isto possível! Familiares, amigos, conhecidos, a todos, o meu muito obrigado! Claro que valeu a pena! Vale sempre a pena!""Depois tudo começa a retroceder, como água a escoar pelo ralo. Toda a preparação, todos os dias, semanas, meses passados aqui. Teria valido a pena?
Mas a mente é como um tanque de água. Deixei que este esvaziasse, levantei-me e preparei-me para a derradeira jornada.
Parecia estar condenado a nem entrar nos vinte primeiros. Mas depois, finalmente, o vento baixou, já não era possível planar e o equipamento deixou de ser relevante. E terminei com um sorriso na cara. Veio na melhor altura, mas deixou-me a pensar no que poderia ter acontecido, tivéssemos tido mais regatas com este vento. Enfim, águas passadas!
Termina assim um ciclo. Foi um privilégio de facto pertencer à Família Olímpica. E hoje, quando tiramos uma fotografia que ficará para a história, com todos os velejadores de windsurf que marcaram presença neste evento, fiquei orgulhoso de estar ali, entre os melhores atletas do mundo, companheiros de tantas horas na água e em terra, amigos para sempre!
* João Rodrigues é um atleta, um amigo e um ídolo. Tenho sorte de conhecer essa pessoa tão boa e com tanta coisa para ensinar. O português da Ilha da Madeira é um dos mitos do windsurf olímpico, conseguiu todos os títulos possíveis nos seus 1001 anos de campanha, só fica faltando a medalha Olímpica. "Claro que valeu a pena! Vale sempre a pena!"!!!!! Valeu, João... sem palavras....
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