segunda-feira, 31 de outubro de 2011

OURO no Pan de Guadalajara

Oi pessoal,

Obrigada pela torcida e lamento que a emissora responsável pela divulgação dos Jogos tenha tido dificuldade em acompanhar o pessoal da vela... vídeos e fotos são raros mas no site da r7 dá para encontrar alguma coisa.

Bom,
O Pan, foi ótimo! Para começar, ficamos na simpática cidade de Puerto Vallarta, que recebe seus visitantes com a sincera placa "bem-vindos a Puerto Vallarta, a cidade mais simpática do mundo." Não deixa de ser verdade, em poucos minutos no hotel, todos já se referiam a nós como 'amigos.' Por falar em hotel, os atletas da Vela, Triatlon, Maratona Aquática e Volei de Praia tiveram o privilégio de ficar em um hotel 5 estrelas, o Crown Paradise (não se assustem, não é luxo ou exagero, era a vila oficial). O hotel ficava de frente para o mar, tinha piscina, hidromassagem, quadras de volei de praia e de tenis, 5 restaurantes.. enfim, muito legal!
Pelo que ouvi falar da Vila de Guadalajara -filas enormes, equipamentos precários, comida complicada- estávamos super bem, apesar do grande ponto negativo que é ir para uma competição do porte dos Jogos Pan-americanos e não conhecer a maioria dos atletas integrantes.

O clube que sediou as competições de vela era bastante curioso,
Localizado em uma bolha chamada Nuevo Vallarta, o local impressionava pela semelhança que têm com Miami: as casas eram modernas, lembravam algo de uma arquitetura maia ou azteca (exótico para olhares americanos), as ruas eram boas, tinha um zoológico (!!!), todos falavam inglês e, é claro, o Starbucks era vizinho de um McDonalds (para onde- obviamente- todos nos dirigimos depois da última regata). É bonito e ao mesmo tempo estranho e ilusório.

Outro detalhe: uma placa assombrosa recebia os atletas que iam até a rampa para deixar seus barcos na água: "não alimente os crocodilos" CROCODILOS???!!!! Sim, nosso clube fica no final de um rio, que desagua no mar logo adiante e, por conta disso, a fauna é bastante diversificada. Era comum velejarmos entre golfinhos e no último dia pude até ver uma iguana nadando perto da minha prancha.
Mas, aparentemente, diversos animais marcam presença na cidade, inclusive tigres, segundo um taxista; "mas o senhor tem certeza? Aquele tigre siberiano, o maior e mais forte de todos os felinos? Aquele que até está em extinção?"   -"sim sim, esse mesmo."
                                        .....então tá..
Depois dessa, me perguntei: e porque será que um dos mascotes dos Jogos é um leão? Será que também existe uma versão mexicana do felino? Para essa indagação me responderam: é porque existem muitos leões nos zoológicos do estado.
                                                    ........huuuummm, entendii..

Bom, no que diz respeito às regatas, correu tudo bem.
Só houve dois incidentes mais complicados. Em uma das regatas, eu seguia para a reta final em primeiro e um dos barcos, ou melhor, o único barco da imprensa entrou na minha frente. Houve colisão, a pancada quebrou minha prancha, mas felizmente consegui me recuperar e mesmo assim cheguei em primeiro nessa regata. O outro incidente foi na primeira regata do campeonato: uma das boias que marca o percurso não foi fundeada corretamente e acabou saindo de lugar, impedindo que as duas últimas meninas pudessem completar o percurso. Nessa regata eu tinha tirado um primeiro e a minha maior concorrente um terceiro, mas esta e mais uma (que havia queimado a largada dessa regata) se juntaram para protestar (ação que implica ir diante de um grupo de jurados tentar provar algum argumento em seu favor, baseado no livro de regras da Vela) a comissão de regatas pelo percurso mal montado. Apesar de um certo oportunismo, já que nenhuma das duas foi afetada por esse erro, as meninas conseguiram anular a regata. Felizmente, eu ganhei a regata substitutiva, então, no final das contas, deu tudo certo.

O momento mais marcante dos Jogos foi a entrega de prêmios, mas não porque subi no lugar mais alto do pódio, e vi lá de cima a bandeira do meu país ser hasteada, e sim porque todos os brasileiros assistindo e os demais atletas que estavam aguardando sua vez de subir ao pódio cantavam, lá da platéia, o hino em coro, muito alto para que todos ouvissem. O que geralmente é um momento sério, meio silencioso acabou virando um êxtase de emoção para quem via e especialmente para quem estava no pódio que recebia todo o calor dos amigos e compatriotas, que, nas palavras do Hino Nacional diziam: parabéns, você merece!

Puerto Vallarta e especialmente nossos hermanos mexicanos estão de parabéns!

Acho que me emploguei, já escrevi muito!
Por essa conquista agradeço principalmente à minha família, ao meu pai e minha irmã que se despencaram até o México para torcer de perto e à minha mãe e meu irmão que acompanharam tudo do Brasil. Extendo os agradecimentos também à CBVM, ao COB e à Wöllner pelo apoio de sempre :) e, logicamente, à torcida no Brasil e aos amigos que, mesmo que com muita dificuldade em acompanhar as regatas, continuaram vibrando muito!

No pódio: em terceiro a americana Farrah (direita), em segundo a mexicana Demita (esquerda) e em primeiro eu (centro)!